Curso prático e inédito de ecologia é realizado na Serra do Amolar, no Pantanal

em 17 April, 2017


CURSO DE ECOLOGIA

Imagine leitor, um lugar mágico, no Brasil, com baixa densidade populacional, descrito por sua “beleza cênica única”, por possuir montanhas, rios, corixos e campos secos e alagados durante o ano inteiro, com exuberante fauna e flora, local onde historicamente viveram os índios Guatós (índios canoeiros), uma região também importante por sua preservação. Este local repleto de magia fica na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, localizada na Serra do Amolar, região do Pantanal, situada entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e a fronteira Boliviana. 

Este foi o lugar escolhido por Thomaz Lipparelli, responsável técnico-científico, pela  realização do inédito Curso “Monitoramento de Fauna no Contexto de Ecologia de Paisagem” que acontecerá entre os dias 08 e 14 de outubro de 2017. O curso prático tem o objetivo de formar e capacitar acadêmicos de biologia, veterinária, agronomia, gestão ambiental e áreas relacionadas, gestores e fiscais ambientais, para que possam contribuir na geração e análise de informações técnicas relevantes, na elaboração de planos de gerenciamento regional, processos de licenciamento ambiental e estratégias de conservação dos ambientes em estudo.

Thomaz Lipparelli é Zoólogo, professor e especialista em Monitoramento de Fauna, formado em Ciências Biológicas pela UFMS, com Mestrado e Doutorado em Ciências Biológicas pela UNESP Rio Claro. Com ampla experiência em ecologia e conservação da Natureza, com passagem pelas áreas acadêmica, pública e privada. Em entrevista exclusiva ao Observatório Eco, Thomaz Lipparelli conta detalhes deste curso e da região do Pantanal Mato-Grossense.

Observatório Eco: Por que você escolheu esse local, há algum motivo mais especial?

Thomaz Lipparelli:  O local deste curso foi escolhido não só pela sua beleza cênica única, mas, também, pela sua importância para a conservação, já que encontramos no local um conjunto de unidades de conservação que compõem, incluindo o Parque Nacional do Pantanal, uma rede de proteção à biodiversidade da região.

Outro fator preponderante na escolha da região foi a baixa densidade humana, o que irá garantir aos participantes do curso, um contato com um ambiente verdadeiramente selvagem, com a maior diversidade e densidade faunística encontrada na planície pantaneira.

Importante, destacar que nosso curso de Levantamento e Monitoramento de Fauna está na 12ª turma (2015-2017) totalizando mais de 800 participantes de todo o pais. Já o curso Monitoramento de Fauna no Contexto de Ecologia de Paisagem é a sua versão prática, sendo a primeira vez que será ministrado no Pantanal com o apoio do Instituto Homem Pantaneiro, que realiza diversas ações de proteção e conservação importantes para a região.

Observatório Eco: O que os alunos deverão encontrar lá?

Thomaz Lipparelli: No contexto da Ecologia de Paisagem, os participantes terão a oportunidade de conhecer todas as características que descrevem os elementos funcionais da paisagem local, bem como suas peculiaridades ecológicas, que garantem a sobrevivência de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. As ferramentas de ecologia de paisagem que serão abordadas na teoria e prática, poderão ser utilizadas em diferentes estudos faunísticos e em diferentes biomas brasileiros.

Os participantes encontrarão uma ampla e confortável estrutura física de apoio na RPPN Acurizal (sede do curso) e demais unidades que serão visitadas. Além disso, as atividades práticas irão garantir o contato físico com a fauna e floral local, seja nas áreas alagadas como nos ambientes de altitudes (montanhas).

Os alunos montarão seus experimentos de monitoramento de fauna e os resultados alcançados estarão contribuindo com o conhecimento científico da região, em apoio aos estudos de monitoramento que já ocorrem.

Vamos mostrar as principais técnicas de monitoramento para as diferentes espécies da fauna local, inclusive o uso câmaras trap no monitoramento de felinos. As atividades práticas irão proporcionar aos participantes, a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre a história natural e aspectos biológicos e ecológicos das principais espécies locais, como lontras, ariranhas, antas, capivaras, jacarés, onça-pintada e muito mais.

Sem contar, a rica diversidade de aves existente no local que fascina a todos pela facilidade de observá-las e registrá-las. Será uma experiência mágica, única e enriquecedora na formação e capacitação dos participantes.

Observatório Eco: De que maneira o curso mostra na prática as dificuldades, por exemplo, para a elaboração de planos de gerenciamento regional de conservação de ambientes?

Thomaz Lipparelli: Um dos grandes desafios nos planos de gerenciamento regional (que envolve a gestão dos processos de licenciamento ambiental) é analisar os fatores que podem influenciar direta ou indiretamente no funcionamento e estabilidade de um ecossistema.

Por isso, conhecer o ambiente de estudo e em especial, as características funcionais dos elementos da paisagem, pode proporcionar maior assertividade nas ações que visam a proteção dos ambientes, e consequentemente a proteção das espécies, sobretudo as ameaçadas de extinção.

Por exemplo, conhecer as características funcionais de um corredor e a permeabilidade da matriz, pode proporcionar o conhecimento das especificidades e exigências das espécies que habilitam os fragmentos florestais, que atravessam as matrizes e utilizam os corredores naturais. Todo o conhecimento acumulado pode sinalizar a ocorrência ou não de fluxo gênico entre subpopulações, o que é extremamente importante no estabelecimento de ações de proteção.

O curso irá proporcionar toda uma base teórica que nos é oferecida pela ciência da Ecologia de Paisagem, que será utilizada na montagem dos experimentos e na análise dos dados obtidos, assim como diagnosticar possíveis fatores que ameaçam a estabilidade local. Todo este conhecimento poderá ser aplicado, posteriormente, em diferentes biomas que os participantes atuam ou poderão vir a atuar.

Observatório Eco: De que forma o aluno deve conhecer uma região, mapear um local, no caso de ter que avaliar o impacto no caso por exemplo de um projeto e o seu processo de licenciamento ambiental?

Thomaz Lipparelli: Em todos os estudos ambientais que incluam o levantamento e monitoramento de fauna, independente do bioma, recomenda-se definir uma escala geográfica e temporal, que permitam comparações (antes e depois do empreendimento instalado, bem como sua evolução). São estas comparações em um processo de análise, que permitirá saber, por exemplo, se as ações que foram tomadas são ou não assertivas.

Por isso, nos processos de licenciamento ambiental que exijam monitoramento de fauna, é fundamental que o órgão licenciador disponibilize o Termo de Referência, que irá balizar os estudos, inclusive o monitoramento de fauna. Este documento, por exemplo, poderá exigir quais grupos zoológicos devam ser monitorados na Área de Influência Direta (AID) e na Área de Influência Indireta (AII) do empreendimento, sobre o ambiente local.

A partir deste conceito, pode-se definir a escala que este monitoramento de fauna será realizado e os prováveis impactos causados pelo empreendimento à esta fauna e quais as medidas mitigadoras e/ou compensatórias a serem exigidas e também a serem monitoradas.

Quando se conhece os elementos de paisagem local e suas especificidades quanto à fauna, a análise será muito mais abrangente e respaldada tecnicamente, garantindo inclusive segurança jurídica ao empreendedor e a proteção dos elementos da paisagem, incluindo a fauna existente.

ecologia (2)

Observatório Eco: O que o aluno precisa conhecer bem para monitorar e analisar os dados da flora e fauna?

Thomaz Lipparelli: Todo monitoramento de fauna envolve o uso de técnicas e procedimentos consagrados pela Ciência. Entretanto, o levantamento de fauna, que antecede o monitoramento oferece informações preciosas sobre a ocorrência, diversidade e densidade local.

A experiência técnica do responsável pelo monitoramento também contribui para o sucesso de um monitoramento. A escolha do equipamento, o local e horário de instalação das armadilhas, depende também do conhecimento prévio do comportamento das espécies que se espera monitorar.

Conhecer o ambiente em todas suas dimensões é fundamental para se limitar a área a ser monitorada, na construção do desenho experimental. Alguns equipamentos são comuns nos estudos de anfíbios e répteis e de pequenos mamíferos. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados no seu uso, sobre tudo em ambientes úmidos ou de maior pluviosidade. Este é o caso das armadilhas de queda (PitFall Trap). Apesar de sua montagem ser aparentemente simples, a escolha da área a ser instalada e o desenho experimental, irão garantir a sua eficiência.

No caso do monitoramento das aves o fator de sucesso do monitoramento, também está no conhecimento técnico do observador, que saberá identificar uma espécie visualmente e/ou através da sua vocalização. Logicamente, que conhecer previamente o ambiente de estudo ou, no mínimo, as espécies passíveis de serem detectadas na área em estudo, faz muita diferença.

Daí a importância do estudo prévio (levantamento das espécies) do ambiente a ser monitorado, as espécies típicas da região e um profundo conhecimento da ocorrência e período de migração (alimentar e reprodutiva) das espécies sazonais.

Do monitoramento de anfíbios e répteis exige-se do técnico de campo um amplo conhecimento das espécies e dos ambientes que as espécies ocorrem. No caso dos anfíbios, dependendo do local, a observação direta pode ser muito difícil, por isso conhecer os padrões de vocalização das espécies e seus períodos de atividade reprodutiva, seja fundamental no sucesso do monitoramento deste grupo.

No caso dos répteis, entre os quais lagartos e serpentes, exige-se paciência e muito conhecimento da área a ser monitorada, seja para o uso de técnicas de procura ativa, ou na escolha do local para se montar as armadilhas de queda (Pit Fall).

No monitoramento de peixes não é diferente. Conhecer os principais fenômenos físicos do ambiente, que antecede o período reprodutivo das populações de peixes, é fundamental, sobretudo das espécies migradoras. No caso dos peixes, o monitoramento está focado na atividade reprodutiva das espécies. Ao mesmo tempo, o técnico deverá estar capacitado para uma identificação precisa dos diferentes estágios de maturidade masculinas e femininas.

Observatório Eco: Qual a melhor forma do aluno se preparar para a imersão neste curso e aproveitar a oportunidade de estar em contato com toda região?

Thomaz Lipparelli: O curso de Monitoramento de Fauna no Contexto da Ecologia da Paisagem irá proporcionar uma experiência única aos participantes. Intercalamos rápidas atividades teóricas com extensas atividades práticas (diurnas e noturnas), para um aproveitamento integral dos participantes. Logicamente que visitar uma região selvagem e distante, cria no imaginário coletivo grandes expectativas. Posso adiantar que serão experiências únicas, seja caminhando pela mata, escalando as montanhas, transpondo corixos, explorando as margens de baias e explorando ou navegando pelo rio Paraguai, todas as atividades irão proporcionar uma experiência inesquecível.

Após a inscrição, os participantes receberão o material didático do curso. São 8 Ebooks, totalizando mais de 1.500 páginas, ricamente ilustrados, com todo o conteúdo que será ministrado no curso, além de uma ampla revisão bibliográfica para o seu aprofundamento.

Também serão disponibilizados, antes da viagem ao campo, um conjunto de referências bibliografias que trata do monitoramento dos diferentes grupos zoológicos. Após o curso, os participantes poderão realizar download de todas as apresentações dos conteúdos apresentados. Resumindo, queremos receber os participantes para atividades práticas intensas e inesquecíveis.

A primeira grande novidade do curso em 2017 é o número reduzido de participantes (somente 10 participantes). Nossa preocupação é oferecer um curso de altíssima qualidade e de segurança total, já que estaremos em uma região selvagem e de difícil acesso. A segurança é fator preponderante para o sucesso do nosso curso, tanto que estará à disposição uma aeronave para qualquer emergência que seja necessário – o que acreditamos não ocorrerá, pois estaremos sendo apoiado por uma equipe de profissionais altamente competente que conhece toda a região. Não há dúvidas que será um grande momento para aquisição de um conhecimento técnico relevante e para usufruir de uma experiência pessoal única, em um local apaixonante e deslumbrante.

A segunda grande novidade é que estaremos neste curso oferecendo um módulo especial – “Drones nos Estudos de Fauna”. Trata-se de um equipamento fantástico que nos possibilita conhecer e entender a paisagem local, sobretudo na busca de passagens de fauna e localização de rastros e espécies que vagueiam em áreas abertas, às margens das baías e rios, onde o acesso é limitado.

Vamos mostrar o potencial de uso deste equipamento no monitoramento de fauna, dando-lhe a oportunidade de aprender como pilotar um drone. No final, cada participante irá fazer seu primeiro voo e registrar suas primeiras imagens nos céus da Serra do Amolar – a região mais exuberante do Pantanal.

Serviço:

Curso Monitoramento de Fauna no Contexto de Ecologia de Paisagem.

Curso teórico e prático (60 horas) que ocorrerá de 08 a 14 de outubro em Corumbá (MS), na região mais bela e selvagem – a Serra do Amolar (RPPN Acurizal).

Inscrições até 31 de agosto (VAGAS LIMITADAS)

Informações: faleconosco@institutohomempantaneiro.org.br

Site do Instituto Homem Pantaneiro.

Site LP AMBIENTAL Projetos e Consultoria Ambiental.




Deixe um comentário