Dia do Planeta: Contribuição do setor elétrico para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

em 20 April, 2018


Artigo

Artigo de Rodolfo Sirol.

Para superar os desafios econômicos, sociais e ambientais enfrentados pelo nosso planeta, nada mais adequado do que definir prioridades e estabelecer metas para reverter, o quanto antes, o cenário atual. É exatamente isso o que propõem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados no final de 2015 pela Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de uma série de diretrizes para orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional no prazo de quinze anos. Nele, constam 17 objetivos e 169 metas que envolvem temas como igualdade de gênero, acesso à educação, fomento às energias renováveis, combate às mudanças climáticas, incentivos às cidades sustentáveis, entre outros.

As empresas têm papel crucial no alcance dos ODS e podem definir, com base na realidade de cada um dos 193 países signatários, quais são as prioridades para garantir uma economia próspera e equitativa até 2030. Nesse contexto, o setor elétrico brasileiro pode contribuir, e muito. Não por acaso, a Rede Brasil do Pacto Global, em parceria com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP) e a PUC-SP, apresentou recentemente os primeiros resultados de um estudo inédito sobre como as empresas do setor de energia no Brasil estão trabalhando para cumprir os ODS. O documento completo será divulgado ainda em maio deste ano pela instituição.

Como parte do estudo, uma pesquisa, realizada entre abril e junho de 2017, revelou que 65% das empresas participantes (20 do setor elétrico) já consideram os ODS em sua estratégia de negócios para o alinhamento de boas práticas, e que os ODS 7 (Energia Limpa e Acessível), 9 (Indústria, inovação e infraestrutura), 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e 13 (Ação contra a mudança global do clima) são os mais relevantes para o setor.

Há alguns exemplos de como essas empresas podem inserir os ODS em seus contextos estratégico e de negócio. Ao analisar o ODS 7 (Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável), por exemplo, é possível fazer referência à crescente competitividade e barateamento das fontes renováveis de energia e à digitalização da rede como formas de garantir o acesso seguro e eficiente da população à energia. Nesse aspecto, a liberalização do mercado de energia mostra-se alinhada a esse objetivo e impulsiona as empresas a apostarem em novas tecnologias, como redes inteligentes e geração solar residencial.

Em relação ao ODS 12 (Consumo e produção responsável), os medidores inteligentes podem representar um reforço importante para promover a mudança de comportamento dos consumidores. Com o avanço das fontes renováveis e das informações disponíveis aos clientes sobre o seu próprio consumo, há uma mudança de paradigma na maneira como a sociedade atende as suas necessidades energéticas, com viés mais sustentável e eficiente.

Além deste novo cenário, os investimentos constantes feitos pelas companhias em projetos de eficiência energética também contribuem para um consumo e produção mais responsáveis. Aqui, vale registrar os incentivos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que tem orientado cada vez mais a sua atuação em iniciativas para clientes residenciais, industriais, comerciais, rurais, e poderes públicos voltadas à utilização inteligente de energia e à substituição de equipamentos obsoletos por modelos eficientes.

Mesmo não sendo considerados como prioritários pela pesquisa, há alguns ODS que têm relação indireta com o setor elétrico e que, portanto, merecem ser avaliados. É o caso do ODS 11 (Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes), o qual oferece a oportunidade de se refletir sobre como transformar as cidades e os meios de transportes mais sustentáveis e eficientes. Aqui, vale citar os projetos no âmbito de redes inteligentes, armazenamento de energia, veículos elétricos, entre outros. A maioria das empresas do setor já direciona investimentos em projetos que, de alguma forma, têm relação com o que se convencionou chamar de “cidades inteligentes”. O ODS contribuem para reafirmar o senso de urgência e tornar essas iniciativas uma realidade cada vez mais concreta.

Com base nestes exemplos, fica claro que, apesar de desafiadores, os ODS vieram para consolidar de uma vez por todas o compromisso das empresas do setor com a sustentabilidade, além de oferecer a oportunidade de se adaptarem e de se engajarem na solução de problemas que são globais. Não dá mais para fechar os olhos para o futuro do planeta.

Rodolfo Sirol, diretor de sustentabilidade da CPFL Energia.




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