Bancos estão atentos ao impacto do aquecimento global nos negócios

em 29 March, 2019


Bancos

Os bancos brasileiros deram os primeiros passos para aumentar a transparência em relação aos impactos financeiros das mudanças climáticas em seus negócios. A FEBRABAN  (Federação Brasileira de Bancos) apresentou um plano de ações para ajudar as instituições financeiras a cumprir as recomendações de uma força tarefa internacional criada com o objetivo de permitir às empresas dos setores financeiro e não financeiro melhor avaliação dos riscos e oportunidades decorrentes das mudanças climáticas.

A Força-Tarefa Sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, da sigla em inglês) foi criada há pouco mais de três anos, com representantes do setor privado, para antecipar e avaliar os riscos à estabilidade financeira provocados pelas mudanças climáticas. Ela está vinculada ao Financial Stability Board (FSB), órgão internacional que monitora, faz recomendações e coordena ações de reguladores e autoridade financeiras em todo o mundo, estabelecido após a crise financeira de 2008/2009.

A federação iniciou um trabalho para engajar os bancos brasileiros na iniciativa e, ao final de 2018, concluiu um plano de ação com medidas a serem adotadas nos próximos anos. O projeto foi realizado em parceria com a SITAWI Finanças do Bem e contou com a participação de um grupo de trabalho formado por 11 bancos. O documento foi apresentado em 19 de março, durante a 56ª edição do Café com Sustentabilidade FEBRABAN.

“Os bancos terão o desafio de analisar suas carteiras de crédito e portfólios de investimento e seu comportamento em cenários climáticos diversos, com estratégias de médio e longo prazos”, afirma Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de Sustentabilidade e Marketing da FEBRABAN.

Ferramentas

O plano inclui duas ferramentas para os bancos. Uma delas é a Régua de Sensibilidade às Mudanças Climáticas, que possibilita às instituições financeiras medirem a exposição de suas carteiras a problemas decorrentes de riscos climáticos e a, a partir desta análise, priorizarem ações e estratégia de gerenciamento da situação.

A outra é uma ferramenta que faz uma comparação entre as recomendações da TCFD e modelos já existentes, nos quais os bancos fornecem informações sobre o tema. De acordo com Gustavo Pimentel, diretor da SITAWI Finanças do Bem, a ideia é permitir uma prestação de contas mais eficiente. “As recomendações da TCFD não estão desconectadas de outras agendas ligadas ao risco socioambiental já praticadas pelos bancos”, afirma. “Por isso foi importante correlacionar os temas nas ferramentas”, acrescenta.

Outras ações previstas para engajar os bancos na iniciativa são diálogos com associações empresariais, treinamentos sobre as recomendações da TCFD para equipes técnicas dos bancos, sensibilização e engajamento das lideranças dos bancos por meio de fóruns já estabelecidos na FEBRABAN, desenvolvimento de cenários climáticos tropicalizados, entre outras ações. Posteriormente, será feita a incorporação dos resultados desse projeto à discussão sobre perdas socioambientais.

Esforço global

O FSB coordena o trabalho das autoridades financeiras nacionais e dos organismos internacionais de normatização, no desenvolvimento de políticas regulatórias e de supervisão do setor financeiro internacional visando sua estabilidade. O órgão reúne presidentes dos bancos centrais e ministros da economia e finanças dos países do G20 e organismos multilaterais como Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Comitê de Basiléia. A TCFD foi criada em dezembro de 2015 para tratar da disponibilidade e qualidade de informações financeiras relacionadas às mudanças climáticas.

A iniciativa, que envolveu bancos, fundos de pensão, gestores de recursos, seguradoras, agências de classificação de risco e empresas de auditoria, nasceu da percepção de que a estabilidade do sistema financeiro pode ser afetada pelas mudanças climáticas, com impactos sistêmicos sobre a sociedade e a economia.

Em junho de 2017, a TCFD lançou um conjunto de recomendações para orientar as empresas e instituições financeiras na divulgação das informações referentes ao tema, estabelecendo um prazo indicativo de cinco anos para que estas estivessem plenamente entre instituições financeiras e outras companhias. A FEBRABAN é uma das entidades com trabalho mais avançado nessa área. Com informações e fotografia (Sérgio Vasconcelos)  da assessoria. Arte Observatório Eco.




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