Para ativista, a defesa do Planeta precisa de ações positivas, um jeito responsável e engajado

em 15 April, 2019


Barbara Veiga

Quando se trata de cuidar do Planeta, “existem muitas maneiras de começar um trabalho bonito e consciente, e não precisa ser jovem, pessoas de qualquer idade podem fazer esse movimento”, o incentivo é da ativista e ambientalista Barbara Veiga, que trabalhou no Greenpeace e no Sea Shepherd, organizações civis que atuam pela preservação da vida e do meio ambiente. “Sempre acreditei que a educação somada a força do coletivo é a chave principal para uma real transformação,” completa.

Barbara Veiga é fotógrafa, documentarista, repórter, marinheira e acaba de lançar o livro “Sete Anos em Sete Mares”, pela Editora Seoman, no qual narra sua jornada por mais de 80 países, no período em que esteve ligada às ONGs posicionadas em defesa da vida marinha, oceanos e meio ambiente.

Para a ambientalista, preocupada com o futuro das florestas, oceanos e espécies ameaçadas de extinção, as pessoas precisam avaliar “suas escolhas cotidianas”. Refletir sobre como é possível ajudar localmente, quais marcas escolher. Indagar sobre a alimentação, os produtos que são consumidos e a maneira como se movimentam pela cidade. “São pequenos passos que podem ser tomados hoje”, incentiva Barbara.

Com relação à defesa do meio ambiente Barbara Veiga reforça que é preciso ter “ações positivas”. “Não adianta reclamarmos que as coisas não vão bem. É preciso assumir essa responsabilidade de forma local e global, de um jeito responsável e engajado”, afirma.

Veja a entrevista que Barbara Veiga, concedeu ao Observatório Eco, por-e-mail, com exclusividade.

Observatório Eco: No livro “Sete Anos em Sete Mares” você conta que ainda adolescente já se preocupava com a limpeza das praias no Rio de Janeiro. E as pessoas continuam jogando lixo nas praias, aqui no Brasil, o que explica essa atitude das pessoas, na sua avaliação? O que motiva esse hábito nocivo?

Barbara Veiga: Sempre acreditei que a educação somada a força do coletivo é a chave principal para uma real transformação. Muitas pessoas mantém o hábito que foi simplesmente passado de outras gerações. Nunca houve de fato uma preocupação profunda pelo Planeta.

Jogar lixo pela janela, bituca de cigarro no chão ou um papelzinho de bala, não parecia ser tão “grave”. E isso se estende a objetos maiores, afinal podemos encontrar até mesmo uma geladeira ou sofá em alto mar.

Por isso o trabalho de informar, educar e conscientizar se faz tão necessário. Para que hábitos nocivos não se perpetuem, e as pessoas mudem essa forma de ver o mundo.

Observatório Eco: No Brasil, onde as pessoas têm menos acesso à educação, parece que a indiferença ao meio ambiente e o desrespeito aos animais, aos rios e mares parece ser maior. Como você avalia esse fenômeno de desprezo à Natureza?

Barbara Veiga: É desolador, mas uma ação efetiva é possível, se faz necessária e fundamental para ver essa mudança acontecer.

Observatório Eco: E ainda tratando desse desrespeito à Natureza, ele também é visto ao redor do mundo com maior ou menor intensidade?

Barbara Veiga: Não acho que se pode generalizar o mundo lá fora. Existem culturas mais preparadas para o consumo e descarte, como por exemplo na Suíça, onde cada lixo vai parar no destino certo.

Cada país vai tratar dessas questões como pode, e da maneira que o governo se posiciona. Mas a real atitude tem que ser do cidadão que escolhe as marcas que apoia, e que produtos consome.

Observatório Eco: Como você define o que é ser uma ativista ambiental? Onde buscar forças para atuar em defesa do meio ambiente, quando estamos rodeados de pessoas que sequer se importam ou percebem as ações que destroem a Natureza?

Barbara Veiga: É ter ações positivas, e estar perto de pessoas que estão nesse mesmo fluxo. Não adianta reclamarmos que as coisas não vão bem. É preciso assumir essa responsabilidade de forma local e global, de um jeito responsável e engajado.

Observatório Eco: Defender os oceanos, lutar contra a pesca ilegal, é uma grande bandeira, mas você acredita que seja possível erradicar a pesca ilegal e predatória de que forma? Os organismos internacionais, como a ONU, fazem pressão, mas a pesca permanece. Como você pode explicar essa situação para nossos leitores?

Barbara Veiga: Entidades, Ongs e pessoas fazem parte dessa causa. Lutar contra o consumo que faz parte tanto tempo da história humana é uma decisão complexa de ser tomada, mesmo com a informação de que existem espécies em extinção, e um mundo tão abandonado. Existe interesse econômico, político, e driblar isso é um desafio. Mas não podemos desistir. Eu vou continuar nessa luta.

Observatório Eco: Por que você decidiu publicar o livro contando a sua história? O que te motiva?

Barbara Veiga: Um livro biográfico contando sobre minhas missões por mar, significa abrir para o mundo de que é possível se mover para ver uma mudança.

Eu sou um grãozinho de areia perto dos 7 bilhões que habitam o mundo, mas espero que com a minha luta e história, eu consiga somar com mais pessoas e seguir nesse caminho: usando a arte e ativismo como ferramentas acreditando que um passo maior pode ser dado em defesa do meio ambiente.

Observatório Eco: Sua história pode inspirar novos ativistas, por isso, qual o conselho que você poderia dar para os jovens que também querem defender os oceanos, as florestas, os animais?

Barbara Veiga: Começar com suas escolhas cotidianas. Procurar ajudar localmente e pensar nas seguintes questões: O que eu apoio em termos de marca? O que consumo diariamente? Minha alimentação e mobilidade na cidade que eu moro é sustentável?
São pequenos passos que podem ser tomados hoje.

Outro caminho é fazer parte de grupos locais que fazem pelos rios, mares, florestas e animais, dependendo da causas que você se identificar e da região que você deseja morar. Existem muitas maneiras de começar um trabalho bonito e consciente, e não precisa ser jovem, pessoas de qualquer idade podem fazer esse movimento.




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