Para a Eletronuclear usinas atômicas são seguras

em 15 March, 2011


Apesar dos eventos registrados após os terremotos e a tsunami que devastaram a costa nordeste do Japão, desde a última sexta-feira (11), afetando a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, a Eletronuclear mantém a percepção de que as usinas nucleares são seguras e se baseiam no conceito de defesa em profundidade. A afirmação foi feita, nesta terça-feira (15/03),  à Agência Brasil pelo engenheiro Dráuzio Lima Atalla, supervisor da Eletronuclear para Novas Usinas.

A Eletrobras Eletronuclear foi criada em 1997 com a finalidade de operar e construir as usinas termonucleares do Brasil. Subsidiária da Eletrobras, é uma empresa de economia mista e responsável pelas usinas de Angra 1, Angra 2 e Angra 3, em fase de construção.

Atalla afirmou que a estatal está irmanada com a luta de Fukushima Daiichi para manter a segurança dos seus reatores. Ele explicou que o conceito de defesa em profundidade significa que existem múltiplas defesas do reator, das quais algumas podem ser rompidas. “Mas, basta uma ser preservada que as consequências são minimizadas. Então, nós preservamos a crença de que as múltiplas defesas em profundidade vão funcionar conforme o projetado, contendo qualquer eventual ameaça”.

Segundo o supervisor de Novas Usinas da Eletronuclear, as informações que têm sido veiculadas até agora não são precisas para que se faça um diagnóstico correto. “Essa é a abordagem profissional nuclear: fatos, raciocínio lógico, conclusões. No momento, em função da evolução dos eventos, a transmissão desses fatos se faz um pouco confusa”. Por isso, embora esteja acompanhando os eventos na área nuclear japonesa, a Eletronuclear prefere se abster de fazer qualquer análise, “porque os fatos não são claramente passados e as fontes são múltiplas”.

Não há, entretanto, motivo para pânico, assegurou Atalla. Além de receber toda a carga de agressão do terremoto e da tsunami que ocorreu em seguida, a Usina de Fukushima perdeu os equipamentos que geram energia elétrica. Ele esclareceu que, ao contrário do que ocorre em relação aos novos equipamentos passivos das usinas nucleares, os modelos antigos são ativos. Ou seja, eles precisam de energia elétrica para que os equipamentos de segurança cumpram suas funções.

Com o terremoto, as linhas de transmissão foram rompidas e o reator desligou. “E quando a tsunami chegou, a energia de dentro da usina, dos geradores a diesel, foi perdida. Então, Fukushima se viu sem energia para operar os seus equipamentos de segurança. A probabilidade de isso acontecer era muito pequena, desprezível em termos de engenharia, até aquele momento”.

O supervisor destacou que isso não significa, porém, que há perda de todos os aparelhos. Mesmo diante do cenário não previsto no projeto, garantiu que a usina tem meios de se defender. E está lançando mão desses meios. O engenheiro revelou que o calor que está sendo hoje liberado do reator da usina, dias após a primeira explosão, no sábado (12), deve ser da ordem de 0,5% da potência do reator. “É uma quantidade de calor muito limitada. Mas, com o tempo, foi suficiente pra aquecer a água do reator”. Com isso, houve aumento da pressão, porque tem mistura de água e vapor.

Isso poderia superar a pressão do material projetado, contribuindo para romper parte das estruturas do reator ou das tubulações associadas. A usina foi prevista para conter isso e foram usadas válvulas de alívio para liberar o vapor e conter um pouco a pressão, disse Atalla. A função primordial passou a ser a colocação de água dentro do reator, visando a refrigeração do núcleo. A falta de energia elétrica exigiu a utilização de bombas externas para injetar água do mar. Durante o processo, ocorreu uma elevação da concentração de hidrogênio não associado a outro átomo que provocou a explosão fora do invólucro de aço, danificando a contenção de concreto.

Precaução

Na avaliação de Atalla, pelo que ocorreu até agora, de acordo com os fatos registrados, ainda não há risco de contaminação para o meio ambiente, ou para a população. Segundo ele, não está confirmada também a ocorrência de uma detonação dentro da contenção de aço da usina. Admitiu, entretanto, que os esforço que vêm sendo empreendidos não foram suficientes para resgatar a operabilidade dos equipamentos. “É isso que nós estamos acompanhando”. A análise depende da confirmação dos fatos, disse.

“O reator está desligado. A refrigeração do núcleo está sendo feita com aparelhos externos e água do mar. A função resfriamento está em andamento. A integridade da contenção está preservada”. Atalla concordou que pode ter havido algum tipo de falha no invólucro do combustível, “mas ainda é reduzida”.

Pela escala de severidade de acidentes nucleares de 1 a 7, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU (Organização das Nações Unidas), a classificação do acidente no Japão recebeu o grau 4. Os eventos em andamento naquele país podem ou não levar a uma reclassificação.

Atalla acredita que as barreiras de defesa da usina serão suficientes para contornar a situação com impacto ambiental reduzido. As monitorações efetuadas não indicam aumento significativo da radiação no entorno das unidades nucleares, afirmou.

Na opinião do engenheiro, as medidas preventivas adotadas estão corretas. Elas incluem evacuação da população e a disponibilização de cápsulas de iodo não radioativo, caso seja necessário. As cápsulas têm a função de blindar o organismo, impedindo que o iodo radioativo seja absorvido pelo corpo. “É, claramente, uma abordagem do plano de emergência”. A medida é comum a todas as usinas nucleares no mundo. “Ele tem um caráter antecipatório, diante da possibilidade daquilo acontecer. Por precaução”, afirmou. Com informações da Agência Brasil.




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